domingo, 6 de novembro de 2011

Golfinho, Carpa ou Tubarão?



Existem três tipos de animais no mar, com diferentes modos de proceder: as carpas, os tubarões e os golfinhos.

.A carpa é dócil, passiva e quando agredida não se afasta nem responde. Ela não luta mesmo quando provocada. Considera-se uma vítima, conformada com o seu destino. Se alguém tem que se sacrificar, a carpa sacrifica-se. Ela sacrifica-se porque acredita que há escassez. Neste caso, para parar de sofrer ela sacrifica-se.

Carpas são aquelas pessoas que na vida sempre cedem, são os que recuam; em crises, sacrificam-se por não poderem ver outros a sacrificarem-se. Jogam o perde-ganha, perdem para que o outro possa ganhar.

Declaração que a carpa faz para si mesma: "Sou uma carpa e acredito na escassez. Em virtude desta crença, não espero jamais fazer ou ter o suficiente. Assim, se não posso escapar da aprendizagem e da responsabilidade permanecendo longe deles, eu sacrifico-me."

Neste mar existe outro tipo de animal: o tubarão. O tubarão é agressivo por natureza, agride mesmo quando não provocado. Ele também crê que vai faltar. Ele acredita que, já que vai faltar, que falte para outro, não para ele! O tubarão passa o tempo todo a procurar vítimas para devorar porque ele acredita que podem faltar vítimas. Que vítimas são as preferidas dos tubarões? Acertou: as carpas!…

Tanto o tubarão como a carpa acabam viciados nos seus sistemas. Costumam agir de forma automática e irresistível. Os tubarões jogam o ganha-perde, eles tem que ganhar sempre, não se importando que o outro perca.
Declaração que o tubarão faz para si mesmo: "Sou um tubarão e acredito na escassez. Em razão desta crença, procuro obter o máximo que posso, sem nenhuma consideração pelos outros".
Neste mar que é a vida, há um terceiro tipo de animal: o golfinho. Os golfinhos são dóceis por natureza. Mas quando atacados respondem e se um grupo de golfinhos encontra uma carpa a ser atacada eles defendem a carpa e atacam os agressores.

O comportamento dos golfinhos em volta dos tubarões é lendário e, provavelmente, eles fizeram por merecer essa fama. Usando a astúcia, eles podem ser mortais para os tubarões. Matá-los com mordidas? Oh, não! Os golfinhos nadam à roda e martelam, nadam e martelam. Usando os seus focinhos bulbosos como clavas, eles esmagam metodicamente a "caixa torácica" do tubarão até que a mortal criatura deslize impotente para o fundo.
Mais do que pela perícia no combate ao tubarão, escolhi o golfinho para simbolizar as nossas ideias sobre como tomar decisões e como lidar com épocas de rápidas mudanças devido às habilidades naturais deste mamífero para pensar construtiva e criativamente. Quando não conseguem o que querem, eles alteram o comportamento com precisão e rapidez, algumas vezes de forma engenhosa, para buscar aquilo que desejam. Golfinhos procuram sempre o equilíbrio, jogam o ganha-ganha, procuram sempre encontrar soluções que atendam as necessidades de todos.

.Declaração que o golfinho faz para si mesmo: "Sou um golfinho e acredito na escassez e na abundância potenciais. Mas podemos aprender a tirar o melhor proveito da força e utilizar os recursos de um modo elegante. Os elementos fundamentais do modo como crio o meu mundo são a flexibilidade e a capacidade de fazer mais com menos recursos."

Se os golfinhos podem fazer isso, por que não nós? Acredito que podemos!
Numa época apelidada de crise, peço-lhe que medite na epígrafe da semana: Existe um caminho que vai dos olhos ao coração sem passar pelo intelecto. (Gilbert Keith Chesterton – escritor inglês).



Texto da coluna períodica "Metáforas em vida" de:
Maria Luísa Albuquerque

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts with Thumbnails